8ª Jornada Internacional de Psicanálise 2017 – O lugar do outro
"Eu gosto quando calas
Eu gosto quando calas / porque estás como ausente
E me ouves desde longe / minha voz não te toca
Parece que teus olhos / tivessem voado
E parece que beijos / te fecharam a boca
Como todas as coisas / estão cheias de minha alma
E tu emerges das coisas / cheia da alma minha
Borboleta de sonho / que parece a minha alma
E também te pareces com a palavra / melancolia
(...)
Eu gosto quando calas / porque estás como ausente
Distante e dolorosa / qual se houvesses morrido
Uma palavra, então / e um sorriso já bastam
E estou alegre / alegre, porque havias mentido"
- Poesia original de Pablo Neruda, traduzida e modificada por Arnaldo Arnaldo Domínguez de Oliveira.
Na escola primária, a professora nos alertava: a minha liberdade acaba quando começa a do outro! Ela situava assim, em nosso processo inicial de socialização fora da família, o valor da alteridade, o lugar do outro na cultura, representando a perspectiva de sustentar a relação dos pequenos falantes – nós – com seu meio e com seu desejo. No entanto, ao menos desde Hegel, sabemos que todo humano almeja o reconhecimento absoluto do seu desejo, mesmo que, para tal, o outro deva ser eliminado.
Com o principal objetivo de provocar questionamentos críticos a respeito de tal subjetividade em nosso tempo e nas atuais circunstâncias nacionais e globais, convocamos a realização desta jornada que visa a estabelecer uma conversação reflexiva entre diferentes e diversificadas abordagens.
Contamos com a participação interessada de todos/as aqueles/as que se sintam mobilizados/as por essa temática que tanto afeta, na contemporaneidade, nosso laço social.
Nossa jornada este ano acontecerá em dois locais: no dia 9/06, no auditório Paulo Emilio, 2o andar do Prédio Central da ECA-USP - Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Cidade Universitária, Butantã, São Paulo (SP). E nos dias 10 e 11/06, no auditório do Sorocaba Park Hotel - Avenida Prof. Joaquim Silva, 205, Alto da Boa Vista, Sorocaba (SP).
Neste link, faça sua inscrição on-line, que é gratuita:
https://goo.gl/KuJL68
Sobre o Etcétera e Tal – Psicanálise & Sociedade
Constituída em 1991, a associação Etcétera e Tal – Psicanálise & Sociedade atua de forma multi e interdisciplinar, contando, entre seus mantenedores e voluntários, com profissionais de diversas áreas, como a medicina, a antropologia, o jornalismo, a educação e a psicologia. É uma entidade civil sem fins lucrativos que objetiva estudar fatores de exclusão social e agir pela prevalência dos Direitos Humanos. No início, propunha a luta pela livre orientação sexual e pelo engajamento social de pessoas discriminadas, contribuindo e apoiando diversas organizações, além de desenvolver pesquisas e projetos sobre a sexualidade humana. Aos poucos, sua atividade foi se ramificando para distintos segmentos da sociedade, obtendo maior abrangência em termos de atuação.
Como funciona a jornada
As jornadas apresentam narrativas formais e não formais, assim como intervenções artísticas e outras formas de manifestação cultural. Os convidados exibem análises e/ou reflexões relacionadas ao tema proposto e abrem espaço para a participação geral. Ao longo dos dias, ocorrem conferências (na configuração de mesas) com foco no tema proposto e que contam com até três palestrantes e um mediador. Cada palestrante, com base em sua formação ou vivência, discorre por um tempo (entre 10 e 15 minutos) e, em seguida, o debate com a participação da plenária é aberto.
O evento é gratuito por ser realizado com o apoio dos voluntários que o organizam e das instituições que cedem espaço para abrigá-lo. Os interessados só precisam fazer suas inscrições pela internet. E comparecer aos locais e às mesas de seu interesse. Toda a programação fica disponível no blog www.petcetal.blogspot.com.br e na fanpage facebook.com/pg/etceteraetal.psicanalise.
Os encontros anteriores
As jornadas começaram a ser realizadas em 2010, em São Paulo (SP), com inspiração na construção de espaços para reflexão e de novas propostas para os relacionamentos humanos. O tema do primeiro evento era “A Banalidade do Mal”, cujos fundamentos vieram do texto da filósofa alemã Hannah Arendt intitulado “Eichmann em Jerusalém", referência ao tempo em que se destacou a utilização arbitrária, por parte dos nazistas, do imperativo categórico kantiano, adaptado ao "age de tal modo que, se o Führer vier a saber de teu ato, ele o aprovará". Condição na qual se atende a certo apelo do dever-ser e se encontra, assim, na lógica consistente da face cultural em que estamos inseridos.
Em sequência, surgiu uma nova proposição pela identificação com o pensamento do jornalista uruguaio Eduardo Galeano de que se vive uma “cultura da solidão”, na qual a ética individualista é a imposição. Para ele, o fato de estarmos imersos em tamanho autoerotismo faz com que coloquemos em risco o laço social. Então, no ano seguinte, o tema da jornada foi “Mal-estar na Cultura: A Solidão”, dividindo-se em duas etapas, ocorridas no Brasil e na Argentina.
Em 2012, com o tema “Mal-estar na Cultura: O Medo”, a jornada foi realizada em São Paulo (a primeira etapa), e em Olivença (BA) (a segunda), em parceria com a Universidade Estadual Santa Cruz. Sua segunda fase ocorreu em conjunto com o IV Seminário Internacional de História e Cultura Indígena: Índio Caboclo Marcelino. Tal evento reuniu povos latinos e europeus, índios do litoral baiano e moradores de metrópoles como São Paulo e Buenos Aires. Em meio a um ambiente acolhedor e participativo promovido pelo povo das aldeias Tupinambás da região sul da Bahia – que lutam pela retomada de terras já demarcadas e que estão ocupadas por grileiros –, reforçou-se a necessidade de se compartilhar a riqueza da diversidade, buscando conjuntamente as soluções para os problemas sociais contemporâneos, sendo um deles o medo.
Já em 2013, a discussão pôs “A Liberdade” em questão, nas cidades de São Paulo e Itajubá (MG). “A liberdade parece estar ganhando novos sentidos e um deles é bastante perigoso: trata-se da liberdade de consumir, que reduz a liberdade de ser ao ter”, alertou Maria Lucia Salgado, pedagoga e uma das coordenadoras do evento. “Sou professora e acredito que a formação para ser e pensar sobre o sentido da liberdade nessa existência pode trazer à consciência o sentido da prática educativa e seu papel de denunciar as armadilhas com as quais nos deparamos na tarefa diária em nosso trabalho”, avalia. Foram mais de 20 palestrantes convidados a compartilhar suas visões sobre o tema, sob a perspectiva de suas formações: ciências sociais, comunicação, antropologia, história, psicologia, entre outras.
2014 foi um ano para tratar de "Identidade", que se tornou o curinga do Ser, do Devir e do Não-Ser. A questão que mobilizava os debates era: como dialogar entre tamanha diversidade sem cair numa Torre de Babel? Desejava-se a perspectiva de promoção de questionamentos sobre um tema tão amplo, tão vastamente utilizado em muitas abordagens (cada vez com maior frequência) para explicar o nosso Ser no mundo. A Fatec-Tatuapé, em São Paulo, foi a instituição que cedeu o espaço para o evento acontecer.
O tema de 2015 era uma importante consideração sobre a "Intolerância". A jornada aconteceu no Espaço da Rosa Latino-Americana (ERLA), em São Paulo, tratando de políticas de intolerância, intolerância à juventude, psicanálise e intolerância, lugares de intolerância etc. A grande pergunta que pairava no ar: é possível tolerar a intolerância?
A "Palavra" conduziu os debates da jornada de 2016, que aconteceu em Itapecerica da Serra (SP). "A palavra é o instrumento capaz de materializar aquilo que se passa no universo simbólico de cada indivíduo, portanto, capaz de nos relacionar enquanto seres políticos, racionais, éticos e estéticos. Em suma, seres humanos”, disse Roberta Villa, coordenadora pedagógica no Ensino Infantil da Rede Municipal de São Paulo (SP). Ela foi uma das palestrantes convidadas para o encontro, que também contou com convidados da comunicação, da educação, da pedagogia, da história, da economia, da filosofia, das letras, da tradução em libras e da psicanálise.
*A ilustração que será base dos materiais de divulgação de nossa jornada foi feita por Barbara Melo, em referencia à obra "Dom Quixote de la Mancha", de Miguel de Cervantes.
Olá, acabo de redigir um trabalho exatamente sobre a palavra s a alteridade. Ainda há tempo de inscrição de trabalhos para debatê-los? Abraços!
ResponderExcluirOlá, Du! Infelizmente, não é mais possível submeter propostas. Mas venha participar como ouvinte para que dialoguemos todxs!
ExcluirFaça sua inscrição: https://goo.gl/KuJL68
Um abraço!